quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ao que vai chegar!




Poderia ser eu uma daquelas passageiras do vôo AF 447. Poderia ser você. Poderíamos ser nós dois: como aquele casal em lua-de-mel, ou eu poderia me encaixar perfeitamente naquele grupo de amigas que finalmente ia conhecer a Europa. Faz pouco tempo e eu estava fazendo exatamente a mesma coisa que uma delas, completava um trio rumo a Paris. Poderia, mas não foi.

O mistério que está entre o que poderia acontecer e o que efetivamente acontece jamais será desvendado. A efemeridade das coisas, os minutos que mudam tudo e fazem espuma de nossos planos, como dizia a canção: “tantos planes, tantos planes vueltos espuma” fazem parte de algo maior que transcende ao nosso controle. Aliás, que controle? Que falso controle é esse que a gente acha que pode ter sobre a vida?

Ao que me lembro, ano passado, nesse mesmo mês, eu preparava a minha viagem de férias sonhada pela Europa. Jamais imaginava que pouco mais de um mês depois eu conheceria alguém que botaria minha vida de cabeça pra baixo no ano seguinte, jamais imaginava que estaria de casa montada e morando sozinha em setembro. Jamais imaginava que perderia um primo de apenas 26 anos brutalmente assassinado. Enfim, a maior parte do que aconteceu nesses poucos meses ficou no campo do “jamais imaginava”

Mesmo assim eu ainda quis prever o que me reservam os meus próximos dois ou três anos. Eu quis criar um “com certeza vai ser assim” ignorando a minha pequenez diante desse “o que vai chegar”.

Hoje ouvi “Ao que vai chegar” cantada pelo Toquinho e me deu uma nostalgia danada. Teve uma época em que escutei muito essa música. A versão em italiano. Lembro que ela me fazia chorar. Pela sua própria beleza e porque eu não vivia um dos momentos mais felizes na minha vida. Engraçado que a emoção que ela me causou hoje foi outra. Não ignoro a lembrança que ela carrega, mas é como se ela me alertasse como tudo aquilo vivido foi importante e como tudo está em seu lugar, ou vai ficar.

Quero ler essa carta daqui a um tempo, talvez nem espere três anos, e confirmar que a única possibilidade concreta da vida é a fé! E a música volta a tocar: “Vara a escuridão, vai onde a noite esconde a luz, clareia seu caminho e acende seu olhar. Vai onde a aurora mora e acorda um lindo dia, colhe a mais linda flor, que alguém já viu nascer e não esqueça de trazer força e magia, o sonho e a fantasia, e a alegria de viver!”
Pronto, já está decidido, uma única música e tudo ficou mais claro, ao que vai chegar apenas: força, magia, sonho, fantasia e alegria de viver!

Um comentário:

Anônimo disse...

Que texto lindo, Vivi!!!!
Beijocas
Veri