terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Eu também fui vítima!

Não deve ser por acaso o nome atribuído ao personagem principal desse filme. Will! O desejo é realmente o que explica a sua trama em todos os sentidos. “Invasão de domicílio”, além de metaforizar com o seu título a entrada de imigrantes na Europa e a difícil convivência desses com os de lá, fala das diversas formas pelas quais podemos invadir “propriedades” para atender aos nossos anseios. Uma delas foi a invasão de Will à Amira.

Para dar asas ao seu instinto, Will, um arquiteto bem-sucedido interpretado por Jude Law (sim, eu também me lembrei de Closer) recebeu um prato cheio. Com a desculpa, inclusive pra si próprio, de flagrar o reincidente assaltante de seu escritório, foge do tédio de seu casamento com uma sueca, a quem ama, enveredando-se no cotidiano dos moradores de um bairro perigoso de Londres que refugia imigrantes. Encontrou o que procurava. Roteiro perfeito para preencher a sua rotina: uma bósnia - Amira, linda, diga-se de passagem, vivida por Juliette Binoche, solitária, interessante, delicada e ao mesmo tempo forte (sim, isso é possível), mãe do adolescente confuso que o furtara.

Não haveria melhor combinação. Afinal de contas, nos enredos que traçamos em nossas mentes, o desejo sempre está relacionado ao que não faz parte de nosso dia-a-dia, ao novo. E o que seria mais novidade que o encontro de um londrino rico e casado com uma bósnia solitária, pobre e mãe do adolescente que o furtou? Bingo!

Clichê? Absolutamente. Até aqui nada de novo nas histórias dos envolvimentos. Até aqui. Bem, até quase o final, ou melhor, até depois do final. Não vou contar como termina o filme embora quem já tenha ouvido algumas meias-dúzias de casos semelhantes possa imaginar o que tenha ocorrido. Não, não é esse o ponto. O que me fez gostar desse filme foi a minha decepção com o seu final, embora não devesse ficar desapontada. Fiquei incomodada com a minha reação. Depois me rendi. O fato é que também fui vítima. E provavelmente será a grande parte do público que o assistirá. Somos todos portadores do mesmo instinto de desejo, da mesma gana contraventora, ainda que em maiores ou menores proporções, ainda que em alguns, mascarada pelos freios da razão. E todos ainda damos desculpas para algo que só tem uma explicação: ser humano.

Para quem for assistir, podemos discorrer sobre o final. Mas, vai ser necessária coragem para se admitir não ter gostado dele!

Feliz 2008, e que seus desejos se realizem, ou não!

2 comentários:

Eleonora disse...

Oi! Estava com saudade de ler seu blog! Preciso arrumar um tempinho pra ver todos esses filmes e poder comentar... Por enquanto, tenho ficado apenas na vontade. Beijos, Lê

Anônimo disse...

Ai que curiosidade... Preciso ver esse filme logo! Eu também estava com saudades do blog! Beijos1