O dito popular já cansou de ser repetido: "o apressado come cru". Eu diria que, às vezes, nem come.
Era férias e andavam sem compromisso pela rua. Contrariando as expectativas, o sol apareceu e contribuiu para um tradicional dia de calor. O final da tarde inspirou uma vontade: picolé de tangerina! Só de pensar, sua boca se encheu de água como sempre acontece quando consegue concretizar num sabor a sensação que se pretende aliar a um determinado momento. Há tempos em que você dorme e acorda para a tapioca de goiabada com coco, noutros para o picolé de tangerina. Aquele era o momento da tangerina.
Começou a busca. Não deveria ser difícil encontrar um picolé de tangerina. Não estamos falando de uma fruta rara, ao contrário. Nem estávamos num vilarejo, mas numa metrópole. Há espaço para os tradicionais e para os paladares alternativos. Entrávamos, dizíamos boa tarde com sorrisos estampados no rosto, aguardávamos a boa notícia, mas ela não chegava.
Uma, duas, três, quatro padarias. Caixas de sorvete reviradas na tentativa de encontrar aquilo que se queria. Nada! Só havia morangos, ou limão, como sugeria o atendente com cara de quem diz ser possível substituir sem qualquer frustração o seu desejo por outro que em nada se assemelha. A nossa cara de insatisfação fez surgir então propostas mais indecorosas. Chocolate! Como podem recusar? São misturas sofisticadas, com castanhas, avelãs, o preço indicava que não era para qualquer um, mas não, não era nada disso! Era só, somente só, um picolé de tangerina.
Cedemos à tentação e nos rendemos a um de morango. Qual foi a nossa surpresa, quando na quadra seguinte lá estava ele: o picolé de tangerina! Mas agora já estávamos de mãos ocupadas... Na vida é assim, há que se ter paciência e aguardar o seu picolé de tangerina ou, então, sentir a frustração de ter que se contentar com o de morango, mesmo diante da sua opção bem ali na sua frente!
Post em homenagem à Alecinha!
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4 comentários:
Eu tenho uma mágoa profunda toda vez que lembro de picolé de tangerina, pois quando estava grávida do Tomás o Hugo se recusou a parar numa padaria para comprar um pra mim, sem motivo algum, ou melhor, apenas para não satisfazer meu desejo, sob o argumento que muitos viriam em seguida. Azar o dele, pois ouve essa reclamação até hoje!
Acho que essa é a característica marcante do picolé de tangerina, não estar presente quando mais o queremos, num dado momento, e aí se torna um mito! Rs
Mas, nesse aspecto, penso que meus problemas acabaram, há uma distribuidora de picolés Nestlé ao lado do meu trabalho e o picolé de tangerina está sempre disponível...E eu, sempre de mãos desocupadas...hahaha Alguém quer um picolé de tangerina, a propósito?
Não havia picolé de tangerina na distribuidora hj! Estou começando a acreditar no mito!
Eu acredito mais em castigo por vc ficar esnobando as amigas que não têm acesso ao picolé de tangerina.
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