quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Fossa alheia!




Eu sei lá porque lembrei disso agora. Mas lembrei e resolvi contar. Eu adoro fossa. Principalmente quando é só de mentirinha. Tipo, fossa-encenação, pseuda dor-de-cotovelo. Aliás, a melhor definição: fossa alheia. Essa é boa! Quem me ensinou a curtir fossa alheia (adorei isso) foi o meu querido amigo João, que hoje deve estar se exercitando lá em Genebra, de forma bem mais charmosa, inclusive, vamos combinar.

Não vivíamos o menor momento fundo do poço, mas adorávamos falar dele, das paixões avassaladoras não resolvidas, dos romances proibidos, das ausências, dos abandonos. Claro, pimenta no olho do outro é refresco, ou, como eu já dizia, fossa alheia! Lembro-me que no quarto do João tinha um pufe e ele sempre me dizia que aquele era o cenário perfeito para o sofrimento de amor. Só faltava a trilha sonora. E é aí que entra a parte que eu mais gosto dessa brincadeira. Posso dizer que me tornei uma especialista. Aceito encomendas, de acordo com o perfil musical do sofredor. Temos fossa alheia tipo clássica, pop, grandes cantoras do rádio, bossa-nova, brega e a mais nova versão: lounge!

Pra dar uma amostrinha do que estou falando resolvi listar algumas dessas pérolas. Foi tanta música que me apareceu na cabeça que começo a pensar num catálogo. Mas, vamos lá!

Para ser democrática, vou variar os estilos, começando com as grandes cantoras, a número 1, campeã das campeãs: Eliseth Cardoso, num álbum em que ela canta com o violonista Raphael Rabelo a música Bom dia! Quem nunca ouviu, vale a pena, ela reclama da tristeza de quem acorda sem seu amor, e sem o rotineiro bom dia dos casais. Dá só uma sacadinha no trechinho do final: “ Num recurso derradeiro, corri até o banheiro pra te encontrar, que ironia, e que erro que cometeste, na toalha que tu esqueceste estava escrito: bom dia!” Ai, ai! Demais da conta!

Em seguida pulo para o Chico porque ninguém descreveu melhor uma separação, na minha opinião, que ele, com a sua Trocando em Miúdos, “aceite uma ajuda do seu futuro amor, pro aluguel” Isso é que é ter classe na partida. E do mesmo entendedor absoluto, Todo o sentimento é de rasgar o coração, “depois de te perder te encontro com certeza, talvez no tempo da delicadeza”. Quem já viveu sabe que esse tempo bem existe!

Do Chico eu vou pro Tom Jobim, numa das canções que talvez não sejam exatamente a fossa, porque já houve um reencontro, mas que fala do momento da solidão: Por Causa de Você! “Ah, você está vendo só, do jeito que eu fiquei, e que tudo ficou, uma tristeza tão grande nas coisas mais simples que você tocou, a nossa casa, querida, já estava acostumada guardando você...Entre, meu bem, por favor, não deixe o mundo mau leva-la outra vez, me abrace simplesmente, não fale, não lembre, não chore meu bem! Essa dá vontade de pegar a pessoa no colo!


No estilo pop, a melhor tradução, na minha opinião: Você vai lembrar de mim do Nenhum de Nós: “esse foi um beijo de despedida que se dá uma vez só na vida, que explica tudo, sem brigas, e clareia o mais escuro dos dias. Tudo bem se não deu certo, eu achei que nós chegamos tão perto, mas agora com certeza eu enxergo, que no fim eu amei por nós dois. Mas você lembra, você vai lembrar de mim, que o nosso amor valeu a pena, lembrar, é o nosso final feliz, você vai lembrar de mim” E vai mesmo! Força da atração. Fossa-alheia versão otimista.


No gênero brega são incontáveis as canções, o que me deu uma certa dificuldade para listar a melhor, vou na impagável: “to fazendo amor, com outra pessoa, mas meu coração, vai ser pra sempre seu! O que o corpo faz a alma perdoa, tanta solidão, quase me enlouqueceu”. Aqui o dolorido pode escolher a melhor versão: brega-brega, na voz de Alcione, ou, brega-master-plus, na voz de Alexandre Pires. Confesso que a Marrom e suas unhas gigantes dão melhor colorido ao tema.

E, para terminar, a clássica, que para alguns seria brega: O Rei. Sim, o próprio. Com nada mais, nada menos que: Você foi! “Das lembranças que eu guardo na vida, você é a saudade que eu gosto de ter, só assim, sinto você mais perto de mim, outra vez”.

Depois dessas, só pegando mesmo o copinho e ligando pro melhor amigo para chorar as pitangas!

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