O primeiro texto desse blog foi um presente para um amigo em gratidão a um elogio a um email bobo que eu havia mandado, o qual ele intitulou de crônica. Aliás, amigo querido, embora a gente se veja não mais que uma vez por ano, num almoço, ou num fim de tarde, no qual insisto, em retribuição ao destino, por ter conhecido alguem tão especial. Um tempinho depois escrevi sobre a colcha de retalhos. Ou foi antes, não me lembro mais. Maneira que eu achei de traduzir a forma que encaro os meus relacionamentos e a dificuldade de encerrá-los, sejam eles de qualquer ordem: namoro, amizade, vínculos profissionais, o que me faz, de vez em quando, rever fotos, mandar um oi, ou em alguns casos mais recomendados apenas recordar. Sou grata aos bons momentos que essas pessoas me proporcionaram e de certa forma, eles me mandam uma energia e tanto para prosseguir.
Hoje recebi mais uma prova que devo prosseguir assim, cultivando esses laços, ainda que naquela do como puder. Tinha deixado meu computador ligado e tarde da noite quando cheguei em casa tinha um recadinho no skype. Era da Camila. A gente quase não se fala, e quando isso se dá é quase sempre por email, naquela tentativa de poder participar, nem que seja um pouquinho, da vida uma da outra.
A Camila é dona de um dos sorrisos mais bonitos e espontâneos que já vi. Autêntica, carregava seus cabelos negros cacheados com o orgulho merecido, enquanto todas as meninas queriam ostentar cabelos lisos e louros. Nos tornamos amigas em 1992 quando fizemos o 1º Ano do 2º grau que nem sei mais como é que se chama. Naquela época a gente escrevia trechos de música nos cadernos como se fosse possível transportar aqueles sentimentos diretamente das letras para a nossa vida real. A nossa vida real era: duas adolescentes cheias de expectativas otimistas e bonitas para a vida e algumas horas estudando química, física, história, matemática...Bom, a gente tentava estudar no meio daquele turbilhão de idéias que vinha com a adolescência. Muita risada, muita filosofia (ainda que barata para o auge dos nossos dezesseis aninhos), muitas paixões platônicas e alguns enroladinhos de queijo divididos no "recreio". É, faz tempo! Foram dois anos de amizade bem próxima. Depois os rumos foram outros. Ela se casou, teve dois garotos e hoje está no Chile. Eu ando por aqui. Enfim, não dá pra definir uma amizade tão intensa num texto.
O recado dela era simples assim, vou transcrevê-lo: "Oi, Vivi! Tudo bem? Tem tempo que eu quero te mandar um email e sempre enrolo... Queria ter te comprado um presente, mas como eu sou como sou, mando que vc mesmo compre. kkkk É um livro. Anota aí: Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite. Se é que vc ainda não leu. Eu amei!"
Dava pra vê-la falando quando me sugere que eu compre o presente que ela queria me dar. Aquele deboche de espontaneidade. Quatro linhas. E, de fato, esse foi o maior presente. A lembrança de coisas afins que certamente me agradariam, porque embora a gente não se fale todo dia, todo mês, toda hora, a gente viveu uma amizade de verdade, transparente. Eu nem preciso dizer da expectativa que estou para ler o livro. Pelo que li na sinopse, se fosse mais cedo, se tivessem livrarias abertas, teria saído para comprá-lo.
Agora está tocando uma música do Drexler que se chama: Antes. Num dos seus trechos ela diz: "no entiendo como podia vivir antes"! Eu sou assim. A cada dia que passa, não entendo como podia viver sem todas as pessoas que me fazem melhor, hoje! Ca, você é uma dessas pessoas e eu não queria correr o risco de não te dizer simplesmente porque o tempo passou e as nossas rotinas não se cruzam mais! Um beijo a você e a todas as Camilas da minha vida!
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5 comentários:
Que lindo, Vi!!! Vou guardar para sempre esse presente!
Fiquei tão feliz que já postei sua nova crônica pra um montão de gente. Sou bem exibida! rsrsrs
Aos que convivem comigo hoje, um dado importante: foi com ela que aprendi a tomar café!
Vivi, te guardo no coração.
"Cariños" da amiga de sempre (com menos cachos),
Camila.
prima,
que amor. Adorei o texto!
Eu também to doida pra ler esse livro! Fal de Azevedo, do blog Drops da Fal!Antes do Natal não o encontrei em nenhuma livraria aqui em bsb...pode? O lance é comprar por net.
Outra coisa, adoro também essas nossas sincronicidades literárias!hehehe
beijão
Vericota
Além da gente se deliciar com o texto ainda fica sabendo de boa literatura. Acabei de comprar. Bjs
Essa do café eu não me lembrava!!! Mas é a minha cara mesmo! Sigo bebendo vários ao dia para desespero do meu pobre estômago! O livro já está em minhas mãos e eu já estou adorando desde a primeira página. Aliás, estou de férias, curtindo uma preguiça e "otras cositas más", o que o torna bem oportuno! Tia e Veri, falando em café, vamos dividir uma mesa aqui em Bsb nessa semana pra fisolofar sobre a vida? Beijões
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