Às vezes gosto muito da Rita Lee. Às vezes, não gosto nada. E é assim em boa parte da minha vida, não só com a canção. As emoções vão e voltam. Ficam guardadas, esquecidas por vezes, mas, de repente, dão o ar da graça, e ainda que eu queira, nunca vão embora definitivamente.
Numa dessas vezes em que gostei muito da Rita Lee, me apaixonei por uma canção: coisas da vida. Fala das despedidas. Sobre como é estranho ser humano nas horas de partida. Fala de fechar ciclos e seguir adiante.
Acho desumano fechar ciclos. Acho desumano relegar à condição de meros transeuntes, pessoas que, de tão próximas, já riram incansavelmente de uma estúpida careta sem nenhum significado aparente, que só se justificava pela enorme afinidade que existia entre quem gargalhava.
Definitivamente, a organização deve ser reservada para as gavetas e armários. Mesmo estes nos surpreendem revoltosos, misturando as meias com as camisas, os sapatos com os chinelos, os perfumes com as pulseiras, os discos com as revistas.
Não dá para compartimentar as relações entre passado, presente e futuro e separar parte delas para o arquivo morto! Ponto. "É o fim da picada"! Mas, dá para colocá-las no fundo da gaveta, dentro de um saquinho de seda, perfumado. Dar-lhe a devida importância, sem deixar que ocupe o lugar da sua peça contemporânea. Vez ou outra acaba por retirá-la do saquinho de seda e levá-la para um banho de sol e isto não deixará enciumada aquelas que te acompanham no dia a dia. Ou não deveria deixar.
É, "depois da estrada começa uma nova avenida e, no fim da avenida, existe uma chance, uma sorte, uma nova saída. Qual é a moral? Qual vai ser o final dessa história?"
Não há um final para a história das relações. Há uma colcha de retalhos colorida e interessante. Que com o passar do tempo, de tanto ser lavada, desbota-se e muda de cor, de aspecto, mas guarda as mesmas lembranças.
Nem sempre temos a chance ou a sorte de podermos conviver, dia a dia, com todos os retalhos que compõem a nossa colcha. Mas cada um deles foi essencial para completar nosso mosaico e ser capaz de nos aconchegar.
Amo cada pedaço do meu mosaico. De forma diferente e especial. É por isso que hoje, no dia do amigo, botei minha colcha de retalhos na cama para comemorar!
Um grande beijo aos meus amigos de verdade!
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3 comentários:
Minha amiga Bailarina, como artista completa que é, canta, pinta e borda,costura e ama...
Pois só com amor se costura palavras de forma tão bela e colorida. De um jeito que a gente lê e sonha com cores.
Mais uma vez obrigada.
Marcella Castro.
É, eu sonho em cores, e na maior parte das vezes, acordada! Adoro o azul! Bjs
Lindo!!!
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