terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

E se eu me chamasse Ana Paula?

Provavelmente não teria esse cabelo curto. Outro dia fiquei sabendo que toda a minha vida poderia ter sido diferente. Antes que eu nascesse, meus pais me chamavam de Ana Paula. Misteriosamente, quando nasci, ela se foi e deu lugar a esta outra aqui, com “ane” e não Ana, no nome.

E digo que a vida poderia ter sido diferente, porque é bem verdade que associamos os nomes às pessoas que os carregam. Acho que não poderia, jamais, levar o nome de Ana Paula. Ana até seria possível, Paula, jamais! Os dois juntos, então, seria uma tragédia! É que Ana Paula traz consigo um nariz empinado que eu jamais poderia ostentar, embora tenha um nariz um tanto quanto arrebitado, por força da natureza (humana, diga-se de passagem).

Fiquei imaginando, então, os nomes que eu poderia já ter incorporado nessa minha vida de alguns personagens já vividos. Alguns cômicos, outros trágicos, outros, ainda, totalmente blasé!

Quando criança, era o xodó do papai: a caçulinha! Magrinha, tímida, sofria com as aulas de natação, as sete da matina, que fazia para aliviar a bronquite. Mas, sofria mais ainda com as maldades de uma irmã, uma criança “destrutiva”, que, a seu bel prazer, me deixava amarrada junto aos pés do sofá até que nossa mãe voltasse do trabalho. E sem direito a reclamações. Mentira? Não! Trauma? Que nada! Motivo de muitas risadas até hoje, na família. Essa daí poderia ter se chamado Raquel, nome ao qual associo uma personalidade assim, frágil!

Um pouquinho adiante, mais crescidinha, manhosa pelos maus tratos já relatados e crises de bronquite, resolvi boicotar a vida alheia. A alheia, no caso, era a vida da minha mãe e das minhas irmãs. Minha mãe era muito ligada à Igreja, e eu a chantageava, fingindo desmaios, cobrando pela sua companhia (atriz desde criança). Minhas irmãs, excluíam-me de seus programinhas, afinal de contas, carregar a irmã mais nova (diferença de quatro anos), era algo que ninguém nunca deveria precisar, especialmente na adolescência. Castigo: relatava tudo que faziam escondido! Feiúra? Totalmente! Coisa da Daniela presente em mim, aquela menina chata, com dor de cotovelo.

Passados os anos da infância, a famigerada adolescência chegou com a complicação de uma Isabela, insegura, indecisa, mas que, com tombo aqui, desacerto acolá, foi se transformando na Laura, batalhadora, destemida, que abraçava o mundo com seus dezesseis, dezessete aninhos, achando ser maior que eles.

E chegou a faculdade! Agora era hora de ser Gabriela, ou qualquer outro nome que indicasse uma vida serelepe! Nome que não demanda qualquer adjetivo. Durou quase todo o curso.

Depois veio a Lígia, blasé, bege, feliz com o passar ileso dos dias. Por quase sete anos Lígia sufocou a Gabriela e a Laura que, juntas, brigavam para retomar o seu espaço. De tanto insistirem, retomaram. Mas, não conviveram muito tempo juntas. Finalmente, veio a Viviane. Entre Raquel, Daniela, Isabela, Laura, Gabriela, Lígia, enfim, ocupou o lugar que sempre foi seu. E, agora, vive como Beatriz, o nome com o qual se identifica e que traz consigo, mas, só na alma.

4 comentários:

Equilibrista disse...

Querida,

Lembro das discussões sobre como seria seu nome. Na verdade, acreditava eu, que chamá-la Ana Paula seria uma forma de homenagear a mim e ao seu tio. Quando súbito trocaram para Viviane, claro! identifiquei no ato um boicote. Achei durante anos que "Ana" fora suprimida para que você não herdasse a minha falta de norte. Bem, eu não sei o que levou seus país a desistirem de Ana Paula, mas estou certa de uma coisa: você nunca poderia ser outra senão Viviane.
Bjs

Eleonora disse...

Raquel não me parece frágil, e sim má ou, ao menos, determinada, cheia de vontades, daquelas que sabem muito bem o que querem e se impõem pra conseguir.

Bailarina disse...

Graças a Deus vcs foram boicotados!!!! hehehe

Lê, vc está influenciada por Mulheres de Areia e, eu, por uma professora de Religião, da 1ª série, que se chamava Raquel.

Bjs

Eleonora disse...

Pode ser. Mas eu tbém tenho uma sobrinha chamada Raquel e sei muito bem como uma Raquel é geniosa e cheia de vontades...