quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

I´ve got life!

Passava um pouco das onze da manhã. Eu estava na rodovia que liga Brasília à Goiânia, dirigindo sozinha, a caminho do trabalho. Fato totalmente rotineiro na minha vida. Posso dizer que percorro aquela estrada de olhos fechados. Estava ali naquele trecho das curvas e descidas. O dia estava fresco. Ia com as janelas abertas, assobiando, ao som da Nina Simone que estava no play. Deliciosa sensação de liberdade, a do vento batendo no rosto pela velocidade. Para frustrar o meu cenário, o CD travou. Mas, isso também é rotina! Eles estão gastos! Pulei para a FM. Estava sintonizada na Radio Nacional. A locutora disse: Fidel Castro acaba de renunciar à presidência de CUBA!

Respirei fundo! Suspirei! Para quem não sabe, o regime de Cuba estava sendo assunto recorrente nas conversas entre os meus amigos. A razão: todos adoramos Cuba, programamos uma viagem para lá, mas, alguns fazem questão de ir enquanto Fidel ainda esteja vivo, outros não! As opiniões refletem a forma como encaramos o modo de vida naquele país.

Não se pode negar a importância da revolução. Não se pode negar que Fidel foi o único que não se curvou aos E.U.A. Não se pode negar que Cuba tem o maior índice de alfabetizados no mundo e a melhor saúde pública, também. Não se pode negar que Fidel é um mito. Mas não se pode discordar que nada disso tem importância sem a liberdade. Aquela mesma que eu experimentei na estrada. Não se pode negar a pobreza, a desesperança, as mortes na tentativa de escapar da ausência total de democracia.

Foi por isso que me senti imensamente feliz ao ouvir aquela notícia. Sei que não haverá mudança brusca, mas sei também que esse é o primeiro movimento da abertura daquele país, não para outro regime, mas, para a possibilidade de discutir novas idéias. Não se pode aprisionar idéias. Nem mesmo o melhor dos ideais a justifica.

O dia 19 de fevereiro de 2008 não foi mais só o dia em que eu faria duas ações anulatórias, uma aula de water bike, outra de espanhol e deveria estudar setenta páginas já definidas. O dia 19 de fevereiro de 2008 foi o dia em que tomei um delicioso suco de morango, num intervalo apertado do meu dia, em homenagem à Ibrahim Ferrer, Celia Cruz, e a outros incontáveis anônimos não menos importantes, cubanos, que a partir deste dia, podem sonhar, novamente, com a liberdade!

Tirei do som o CD da Nina Simone, limpei, voltei a insistir no play. Ele respondeu! Ain´t got no...I´ve got life!

2 comentários:

Anônimo disse...

"I got a headache"!

Bailarina disse...

Mas espero que não tenha sido pela renúncia do Fidel!!!! Bisou