“Alguém diz que os grandes acontecimentos do mundo têm lugar no cérebro. É também no cérebro, e apenas no cérebro, que têm lugar os grandes pecados do mundo”. Essa frase é de Oscar Wilde, tirada do Retrato de Dorian Gray. Mas, numa versão superpop, (por favor absolutamente nada a ver com a mãe do filho brasileiro de Mick Jagger), a idéia foi dada pelo Capital Inicial, na canção: Quatro vezes você, que fala: “o que você faz quando ninguém te vê fazendo e o que você queria fazer se ninguém pudesse te ver?"
Recebi a frase pelo correio eletrônico, num email daqueles que fazem sua tarde ficar mais prazerosa, te deixam com vontade de pensar e tomar um café, e acabam com a falta de sabor da quarta-feira insossa da primeira semana do outono. Foi extraída de um trecho do livro que divaga sobre a moral: a subjetiva; a fabricada; a emprestada e a mais rara delas, a autêntica, em nome de quem muitas vezes se sucumbe e se reprimem sentimentos, desejos, comportamentos, idéias. Deu pra lembrar da alma imoral, de Nilton Bonder, que já dizia que moral autêntica só é aquela experimentada, ainda que de forma transgressora. Encerrou com a imaginação de como seria o mundo se a força opressora das opiniões, mesmo as internas, não dominasse as ações.
Mais do que simples curiosidade pensei em qual seria o interesse por trás dela? Não sei se o mundo seria melhor ou pior se muitos não ocultassem seus piores ou melhores instintos, aqueles que só têm mesmo lugar no cérebro, e que, vez ou outra, nos pregam certas peças, nos surpreendendo em sonhos e sentidos, mas, sei perfeitamente que todos têm uma enorme gana acerca da moral alheia. É que a pergunta: o que você faria escondido poderia perfeitamente ser substituída por: o que para você não é transgressão e, sim, imposição? Será que o que eu queria fazer quando ninguém pudesse me ver combina com o quê você também queria fazer? Bingo!!! O nosso tesão pela moral alheia é apenas a possibilidade de, dela tendo conhecimento, identificar as afinidades transgressoras, que, no fundo, no fundo, todos temos.
Outro dia fiquei sabendo de algo que passou pelo pensamento alheio, que me incluía. Foi extremamente curioso imaginar algo, a meu próprio respeito, que não tinha a menor idéia tivesse povoando a imaginação por aí. Não houve nenhuma mudança na vida de ninguém com a revelação feita. Só honestidade. E pessoas mais humanas ao revelarem seus delírios. Adoraria poder também compartilhar a minha própria imaginação com toda a honestidade merecida, mas, receio que a minha moral, fabricada ou não, me impeça de fazer!
E você, o que anda fazendo quando ninguém pode te ver?
Em tempo: agradecimentos ao remetente do email!
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Um comentário:
Não consigo mais anexar vídeos nas minhas postagens, mas, esse post merece a seguinte trilha sonora: br.youtube.com/watch?v=18TLHhhHZCA
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