segunda-feira, 21 de julho de 2008

Estamos indo de volta para casa!



Mesmo com tantos motivos para deixar tudo como estava está tudo assim tão diferente! Depois de sair viajando pelo mundo, ou quase, não há como não se render ao fato de que muita coisa mudou em você. Pode parecer uma imensa bobagem, mas não é. Atravessar o Atlântico e voltar em dezessete dias, viver inverno e verão no mesmo julho, ir à praia e usar cachecol em menos de uma semana, não é só uma questão de adaptar-se ao que garantiu a previsão do tempo, como eu inocentemente imaginava.

Foram muitos anos sonhando em pisar em solo europeu. Em tempos de Internet, é bem verdade que grande parte da expectativa já é anestesiada pelo acesso fácil ao que se irá consumir. Até os museus já podem ser visitados pela telinha do seu computador. Ainda assim, fui romântica nas idéias que guardava sobre esse continente e sobre as cidades que visitaria, mais precisamente sobre Paris. Desnecessário dizer que na trilha sonora que levei comigo tinha canções de Edith Piaf.

É. A vida e as suas surpresas. A minha primeira noite em Paris não foi andando a pé pelo Sena, muito menos ouvindo “La vie en rose”, nem mesmo “La foule”, para não ser tão clichê. A minha primeira noite em Paris, a primeira que saí pela cidade, foi de carro, vendo todos aqueles monumentos a vida inteira idealizados, em altíssima velocidade, ao som de AC/DC, que, confesso, nunca havia ouvido antes.

O arco do triunfo foi fotografado do teto solar e se senti arrepio nesse momento, isso se deve à dor que a câimbra na canela me deu, tamanho foi o contorcionismo para escapar ao lado de fora do carro e tirar a foto. Os momentos de maior emoção da viagem não foram as visitas à torre e ao Louvre. Um deles, talvez o maior, foi ouvir a Ave Maria na estação de metrô, por pura coincidência, depois de uma experiência mística na capela da Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. A melancolia que eu sempre achei que combinasse tão perfeitamente com a cidade foi substituída com “habiulidade” pela nossa queridíssima anfitriã que fez a minha Paris alegre. Pra completar, as novas amizades, ao contrário de franceses, ficaram a cargo de brasileiros: o casal mais fofo que já conheci nos últimos tempos e seus gêmeos (de apenas um aninho e meio). Ou você já encontrou alguém mais espontâneo que te ofereça para dormir em sua casa no dia em que vocês são apresentados porque o metrô já fechou, você bebeu muito vinho e há ainda muitas canções brasileiras a serem cantadas e choradas?

Se alguém tivesse me dito que assim seria a minha primeira noite em Paris; se alguém tivesse me dito que não tomaria chá lá; se alguém tivesse me dito que eu enjoaria de queijo; se alguém tivesse me dito que algumas vezes trocaria vinho por cerveja, talvez eu tivesse desistido da viagem. Ainda bem que não me contaram! Ainda bem que sei muito pouco do meu destino! Sentir Paris caminhando pelo Sena, ao som de Edith Piaf, é o que venho fazendo desde muito jovem, na Paris que habita meus pensamentos. Esse novo, desconhecido e totalmente inusitado jeito de apreciá-la, me pegou de calças curtas e, é assim, em alta velocidade e sem fantasias que eu passo a viver a minha realidade, que promete ser ser bem melhor que a ficção se não desperdiçada em devaneios! Voilà!

6 comentários:

Anônimo disse...

E quem disse que AC/DC e Guns n' Roses não podem ser românticos? "Don't you cry tonight, I still love you, baby"...
No mais, concordo com tudo, inclusive porque faço das suas as minhas impressões. Especialmente, quanto às amizadas novas, que de tão maravilhosas não precisaram ser de infância, pra ter um valor tão grande em nossas vidas... Adorei! E, otimista demais, espero que as viagens que estão por vir, sejam igualmente surpreendentes! Beijos!

Alécia

Anônimo disse...

vivi: sua viagem foi um pouco minha agora. :) bom ter vocês três de volta e perceber que a gente compartilha tanto mesmo nos silêncios. um beijo!! sá!

Bailarina disse...

Sá, que bom vc aqui!! Estou imensamente feliz com essas novas "aquisições" que essa viagem me propiciou, uma delas é ter vcs mais perto! Volte sempre, viajaremos juntas mais vezes! Bisou

Bailarina disse...

Lé, nossas viagens têm o aval do "cosmos", não há como ser ruim! Vc sabe!

Carol Nogueira disse...

Vocês é que foram as visitas mais fofas dos últimos tempos, querida. Amamos ter vocês aqui, e as portas estarão sempre abertas, com ou sem porre de vinho, com metrô aberto e com metrô fechado. Beijo, linda!

Bailarina disse...

Fui deixar um recadinho no post novo do Le Croissant e qual foi a minha surpresa ao ver o nominho deste modesto blog lá nas indicações! Ai, que orgulho! Beijos, querida! Obrigada pelo carinho! Seu CD e DVD (pasme) estão prontinhos para embarcarem para Paris rumo a futura apaixonada em Jorge Drexler!