
Eu descobri os efeitos de quatorze horas de sono. Depois desse mais de meio dia de sono, que por incrível que pareça se deu entre uma quarta e quinta-feira, o meu day after foi inusitado.
O objetivo era comprar duas meias para o show do Luís Melodia. Fui parar no centro da cidade, aonde não passeava a pé já fazia algum tempo. Era hora do almoço. Não sei porque cargas d'àgua invoquei que o show seria no teatro dali. Cheguei na bilheteria. Estranho! Nenhum cartaz, nada indicava o evento que se daria no dia seguinte. Ignorando minha própria ignorância, pensei que o cara tava meio com a moral baixa. Que coisa! Insisti. Esperei a moça que tinha ido tomar um café voltar. Ela disse que não teria nenhum show desse tal Sr. Luiz, não! Expliquei que era um projeto da Petrobrás, que esses shows às vezes não tem muita publicidade, que eu tinha visto que seria lá pela internet (não sei onde), que o ingresso deveria estar com outra pessoa. Foi preciso que ela me mostrasse a programação para que eu acreditasse que não era ali que o show aconteceria. Cara de paisagem. Distraçãozinha, despistei. Nem dei bola. Saí como se tivesse que fazer mil e umas outras coisas por ali.
E para não me entregar, para que eu também acreditasse que não tinha dado uma pane, já que estava ali, resolvi ir ao banco. Caminhei pela Rua 03 até a Avenida Goiás onde o meu banco sempre funcionou a vida toda. Estranho. O prédio estava lá, as mesmas janelas, a mesma porta, mas ao contrário dos adesivos indicando que era ele, adesivos branco e azul: Banco Mercantil! Nessa hora eu parei e tive a sensação de que talvez ainda pudesse estar dormindo. Vai ver que estou sonhando. E nos sonhos sempre brincam com a gente. Não, passaram-se uns dez segundos e nada aconteceu. Eu estava mesmo acordada.
Voltei em direção ao carro, meio que ressabiada, desacreditada de minhas próprias convicções, eis que, onde sempre vi adesivos brancos e azuis, na esquina da Rua 03 com a 07, onde sempre funcionou o Banco Mercantil: Banco Real! Não, que brincadeira sem graça é essa? Dei uma sacudida na cabeça e resolvi parar para comer. Se não é sono, só pode ser fome!
Parei num daqueles quiosques que vendem pastel e caldo de cana. Típica cena do centro da cidade. Enquanto matava a saudade do pastel de vento, pedi o caldo. Fiquei olhando para o banco Real de um lado e o Mercantil de outro, como se olhando pudesse desfazer aquele enigma. Foi quando a garçonete voltou com o copo. Um daqueles americanos, grandes, cheio de um líquido roxo! Agora tudo estava bizarro! Mirei o Real, depois o Mercantil e, finalmente, olhei para o conteúdo no copo, ali, roxinho, roxinho. Foi quando um senhor que estava do meu lado, como diria o rap, só observando, disse: anos indo ao Mercantil ali, agora tenho que abrir uma conta no Real, já errei umas duas vezes de prédio! É sempre um constrangimento!
Ufa! Suspirei. Foi quando ele completou: Ah, peça pra ela te entregar seu caldo de cana que esse suco de uva é péssimo! Artificial! Ela sempre se confunde!
Sorrisinho nervoso de alívio! Como quem nunca teve dúvidas se havia pedido um suco ou o caldo mandei certeira: Moça, cadê a minha garapa?
2 comentários:
Muito engraçado! Essa vai pro rol do "coisas que só acontecem comigo"!
Ah, e sobre o lay-out, nenhuma crítica! Nem que tenha ficado sem personalidade... Confesso que na condição de público, ficou mais clean...
Beijos!
Alécia
Junto com todas aquelas outras mil coisas que "só acontecem comigo"!!! Eu vô te contá! Depois tenho que atualizar a saga do adesivo. Novos episódios!
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